Exemplos Significativos da Arquitetura
Residencial para a Ocupação de Encostas em Florianópolis, SC
__________________________
__________________________
Florianópolis,
agosto de 2004.
sumário
1. |
Resumo
----------------------------------------------------------------------------------- |
03 |
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2. |
IntroduÇÃo
----------------------------------------------------------------------
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03 |
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2.1. |
Justificativa -------------------------------------------------------------- |
04 |
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2.2. |
Problema ------------------------------------------------------------------- |
04 |
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2.3. |
Objeto de estudo -------------------------------------------------------- |
05 |
|
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2.3.1. Residências em encosta -------------------------------------------------- |
05 |
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2.3.1.1. Exemplos brasileiros pesquisados
------------------------------------- |
05 |
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|
2.3.1.1.1. Casa de vidro – Lina Bo
Bardi ----------------------------------
|
05 |
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|
2.3.1.1.2. Casa das Canoas - Oscar
Niemeyer ----------------------------
|
06 |
|
|
2.3.1.1.3. Residência Liliana Guedes –
Joaquim Guedes ---------------- |
06 |
|
2.3.2. Arquiteta Carmem Cassol ------------------------------------------------ |
07 |
|
|
|
2.3.2.1. Residências projetadas
por Carmem e Ademar Cassol Arquitetos |
07 |
2.4. |
Objetivos ------------------------------------------------------------------- |
08 |
|
2.5. |
Revisão bibliográfica -------------------------------------------------- |
09 |
|
3. |
Materiais e Métodos
------------------------------------------------------- |
12 |
|
4. |
Resultados E DISCUSSÃO--------------------------------------------------- |
14 |
|
4.1. |
Apresentação da Residência de Estudo------------------------------------------ |
16 |
|
|
4.1.1. Maquete Eletrônica ------------------------------------------------------ |
26 |
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5. |
ConclusÃO ------------------------------------------------------------------------ |
28 |
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6. |
Referências bibliográficas
------------------------------------------ |
29 |
1. Resumo:
A construção na encosta permite grande liberdade criativa e requer maior quantidade de detalhamentos para a sua implantação. Tendo em vista a ocupação das encostas em Florianópolis, foi escolhido como tema de pesquisa a sua ocupação residencial, com o objetivo específico de guiar novas construções de qualidade, não prejudicando o ambiente em que estão inseridas. Por tais motivos propomos analisar residências já construídas.
Foi
selecionada uma construção de linguagem modernista para o estudo, especialmente
porque sua intervenção apresenta menor impacto no terreno. Com o estudo da
Arquitetura Moderna Brasileira, pode-se compreender as
linhas de pensamento concretizadas na obra, no caso, a residência projetada
pelos arquitetos Carmem e Ademar Cassol, e compreender sua inserção no espaço
urbano, buscando conceitos que nos confirmam a relação da Arquitetura Moderna
como modelo de ocupação
Concluímos que
para sua implantação deve-se preservar ao máximo o terreno original (evitar
cortes e aterros), adotar taxas de impermeabilização aceitáveis levando em
conta a não ocupação sobre os cursos d’água e a manutenção da vegetação como
meio de contenção natural.
Palavras Chave: Ocupação de Encostas; Arquitetura Moderna; Residências em Florianópolis.
2. IntroduÇÃo:
2.1. Justificativa:
Por esses
motivos, fez-se necessária a análise de um exemplo significativo, buscando
critérios de projeto que respeitassem as leis naturais de conformidade da terra
e que servisse de modelo para futuras ocupações, pois conhecendo o local onde
se situa a construção, tem-se a certeza que a ocupação foi realizada de maneira
segura. Levantamentos e estudos nos propiciaram um melhor contato com a obra e
o entendimento de seus princípios. A entrevista com os autores permitiu a compreensão
do pensamento utilizado na concepção do projeto e o que este representa para o
ambiente.
2.2. Problema:
2.3. Objeto de
estudo
2.3.1. Residências em encosta
Fotografias da residência de
Lina Bo Bardi
Fonte: (BARDI, 1999)
Croqui de Lucio Costa, 1950
Fotografia da residência
Fonte: (SANTOS, 2004)
2.3.1.1.3. Residência Liliana Guedes – Joaquim Guedes – São Paulo,1971
Residência
implantada em terreno acidentado possuindo sua entrada no nível da rua e a
parte principal da residência abaixo desse nível, permitindo o disfarce e a não
percepção da obra para pessoas que trafeguem distraídas.
Possui módulo retangular de concreto armado sustentado apenas por
quatro apoios, com brises e painéis móveis que
permitem a abertura e a permeabilidade do corpo principal da casa à paisagem
circundante.
Fotografias
do exterior e interior da residência
Fonte: (Process Architecture, 1980)
2.3.2. Arquiteta
Carmem Cassol
Em entrevista cedida à aluna de Pós-Graduação do PósARQ (GOMES,2003), a arquiteta fala um pouco sobre seu trabalho:
A Arq. Carmem Cassol, graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e com 40 anos de experiência profissional é fundadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC. Os tipos de projeto mais freqüentes realizados em seu escritório são residências, edifícios comerciais / públicos, reforma de interiores (principalmente de edifícios residenciais), paisagismo, patrimônio histórico e urbanismo.
Sobre a legislação, a arquiteta cita que as normas urbanas limitam a criatividade do arquiteto e que para projetar um edifício simples costuma montar um prisma conforme a ocupação máxima permitida e subtrai partes, apenas para dinamizar a composição, já quando o projeto não é tão amarrado, prefere formas livres. Se a economia é fundamental para o cliente, utiliza malhas geométricas com o objetivo de racionalizar a estrutura, modular blocos de alvenaria ou estruturas de cobertura.
A arquiteta não se preocupa no ato de projetar com a introdução de uma linguagem própria que lhe confira reconhecimento como autora do projeto, diz que às vezes o projeto acaba ficando com a cara do arquiteto, pois ele repete elementos que lhe agradam, mas é apenas uma conseqüência e não está presente conscientemente durante o ato de projetar.
Uma relação completa das obras dos Arquitetos Carmem e Ademar Cassol está cadastrada no Conselho de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Santa Catarina – CREA-SC, mas visando esta pesquisa foi fornecida pela arquiteta uma lista de residências e endereços dos proprietários, o que permitirá a continuidade dos estudos até aqui realizados. São as seguintes :
- Residência Pedro Dittrich Junior;
- Residência Raquel Cassol Krieger;
- Residência Rodrigo Maykot Mateus;
- Residência Oswaldo Salaverry del Busto;
- Residência Cláudio Antonio Oliveira;
- Residência Mario José Mateus;
- Residência Alexandre Vieira;
2.4. Objetivos:
Geral:
Específicos:
2.5. Revisão bibliogrÁfica:
YIN, Robert K., Estudo de caso: planejamento e métodos, Porto alegre: Bookman, 2001.
ACAYABA, Marlene Milan. Residências
memorial – descrição do partido, técnicas e as determinações do programa.
XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo; NOBRE, Ana Luiza. Arquitetura Moderna no Rio de Janeiro. São Paulo: Pini: Fundação Vilanova Artigas; Rio de Janeiro: RIO ARTE, 1991.
Exemplos de construções sobre encostas:
· Edifício Nova Cintra, Bristol e Caledônia – 1948 – Lúcio Costa
“A necessidade de proteção destas fachadas promoveu um exercício formal de grande beleza e originalidade, resultando numa composição alternada de elementos cerâmicos vazados e quebra-sol de madeira que determina o caráter do conjunto.”
· Residência Carmem Portinho – 1950 – Affonso Reidy
“
O acesso é feito pelo nível mais alto, que repousa diretamente no terreno, onde
estão garagem e dependências de serviço. Chega-se ao corpo da casa por uma
rampa em tábua corrida com inclinação igual à da cobertura.”
· Edifício Silvestre – 1953 – Álvaro Vital Brasil
“...tal harmonia resulta da implantação primorosa do bloco residencial à encosta, com destaque para a manutenção integral do perfil original do terreno. O acesso se dá ao nível da rua, por meio de uma ponte que conduz ao terraço de cobertura sob o qual se localizam três pavimentos de apartamento, sobre pilotis.”
BOOTH, W.C.; COLOMB, G.G.; WILLIAMS, J.M., A Arte da Pesquisa. Martins Fontes: São Paulo, SP, 2000.
É
um roteiro de pesquisa que mostra de forma detalhada os processos necessários
para a elaboração de um relatório. Pesquisadores iniciantes e intermediários
são orientados na maneira de começar a redigir e organizar sua pesquisa. Mostra
como “converter o interesse por um assunto em um tópico, esse tópico em algumas
boas perguntas e as respostas a essas perguntas na solução de um problema.”
Algumas
dicas selecionadas:
·
Devemos escrever
para lembrar / entender / ter perspectiva;
·
Anotar
observações, críticas ao longo das leituras que então ajudarão na confecção do
relatório;
·
Elaborar
fundamentos;
·
“diagramas e gráficos têm maior força visual.
Estimulam os leitores a reagir à imagem visual;
·
os diagramas
convidam os leitores a fazer comparações.”
Mostra
também como verificar seus textos de um modo a dar clareza e ênfase quando
necessário. Deve sempre estar em contato com esta bibliografia por conter
inúmeros tópicos de ajuda e consulta.
CUNHA, M.A. (Org.) – Ocupação
de Encostas. São Paulo. Instituto de Pesquisas Tecnológicas. 1991.
“As encostas constituem-se em um dos
diferentes tipos de formas de terreno, originados pela ação de forças externas
e internas, através de agentes geológicos, climáticos, biológicos e humanos que
vêm, através dos tempos, esculpindo a superfície da Terra”.
A
dinâmica das encostas é regida pelos processos de transporte de massa e pelos
movimentos gravitacionais de massa. O processo de transporte de massa tem como
meio transportador a água, o ar e o gelo, sendo que no nosso clima predominam
os processos transportados pela água. Isso demonstra a importância que devemos
dar aos cursos d’água.
A
ocupação humana do solo representa o fator decisivo na aceleração dos processos
erosivos. Para a implantação de assentamentos em encostas deve-se preservar ao
máximo as características originais do terreno.
Sempre
que um sistema viário cruzar linhas de drenagens, torna-se necessária a
execução de galerias pluviais ou o desvio para canaletas ou sarjetas da própria
via.
As
habitações a serem implantadas em encostas devem ser projetadas especialmente
para esta situação. Em casas térreas deve-se seguir o curso das curvas de
nível, naquelas com mais de um pavimento, pode-se adotar desníveis de meio
pé-direito ou utilizar um pavimento semi-enterrado.
AFONSO, Sonia. Urbanização de Encostas. A Ocupação do Morro
da Cruz. Florianópolis. SC. Trabalho Programado 2. Estudo Geotécnico. Curso de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo. Área de Concentração Estruturas Ambientais Urbanas.
Nível de Mestrado. São Paulo. FAUUSP.1992.
Com
freqüência no cotidiano da prática projetual dos arquitetos, nota-se que as
cartas topográficas são desconsideradas. Neste estudo o objetivo é salientar a
importância da cartografia geotécnica como instrumento de projeto e como forma
de auxílio à tomada de decisões no planejamento urbano. Como resultados foram
apresentados: a “análise das ocorrências e riscos, comentários sobre a
aplicação das cartas geotécnicas e como conclusão apresentamos recomendações
que consideram a aptidão física do Morro da Cruz ao assentamento urbano e a
necessidade de se criar faixas de transição entre as áreas sem problemas, a
serem urbanizadas e as áreas acima, a serem preservadas.”
O texto nos mostra a importância de se preservar a floresta existente nas encostas como forma de manutenção da contenção natural, bem como de evitar a mutilação do terreno e a alteração na dinâmica das linhas de drenagem natural existentes nos morros. Demonstra os parâmetros para minorar os efeitos dos escorregamentos, como intervir nos morros para propiciar uma ocupação racional e econômica e que se deve propor a remoção das moradias implantadas em áreas instáveis.
“Um
planejamento conseqüente respeita os estudos técnicos elaborados, realiza as
obras recomendadas, fiscaliza as novas ocupações e as áreas a serem
preservadas, e sobretudo, coloca à disposição um conhecimento técnico
necessário à elaboração e à análise dos novos projetos que devem estar
adaptados ao ambiente”.
3. Materiais e Métodos:
A pesquisa faz parte do Projeto APA – Arquitetura e Paisagem: Avaliação da Inserção Urbana no Meio Físico (CNPq 2003-2007) e realiza-se na sala da orientadora Sonia Afonso e do professor Almir Francisco Reis, orientador do Grupo PET. Tem como equipamentos de informática os adquiridos através de projetos aprovados pelo FUNPESQUISA 2001 (computador, softwares e scanner), FUNPESQUISA 2002 (máquina digital e scanner para slides) e do FUNPESQUISA 2003 (computador e impressora). Além destes é comum o uso dos computadores pessoais das bolsistas (quatro ao total).
O trabalho foi iniciado com a revisão de literatura sobre Urbanização de Encostas, Metodologia Científica, Arquitetura Moderna e Paisagismo, juntamente foram ocorrendo participações em alguns seminários da disciplina de Urbanização de Encostas do PósARQ, preparando inclusive uma apresentação sobre estudo geotécnico. Do contato com os alunos foi possível realizar um treinamento dos programas ArcView e Microstation ministrado pelo mestrando Dirceu Machado do PPGEC. Esse serviu para que as bolsistas de iniciação científica tivessem contato com um aplicativo que sistematiza informações geográficas e assim verificar a utilidade do programa para a realização de cada pesquisa. Outros cursos com objetivo de manuseio de novos softwares foram os de Coreldraw, Photoshop e Frontpage ministrados pelo projeto Oficinas oferecidos pela UFSC e curso do programa Autodesk Architectural 2004, realizado com recurso próprio da bolsista, visando elaborar a maquete eletrônica da residência estudada. Ainda como trabalho complementar foi realizado um pôster com a revisão de literatura do estudo geotécnico[1] para o XIII Seminário de Iniciação Científica (SIC) em 2003, o qual também foi apresentado no 3°SEPEX realizado no mesmo ano.
Com a escolha da
construção a ser estudada (residência dos
arquitetos e moradores Carmem e Ademar Cassol), iniciou-se a coleta dos
desenhos, mapas e plantas para a vetorização e digitalização. Houve o contato
com os arquitetos e possibilidade da realização de levantamento fotográfico
tanto externo (paisagístico), quanto interno (mobiliário e zoneamento).
Após o conhecimento e análise da edificação, realizou-se a criação de um modelo em 3D para melhor visualização e compreensão da edificação. Para tal, foi necessário o aprofundamento do estudo do Autodesk Architectural 2004. Com este programa é possível gerar um modelo renderizado e visualizá-lo de todos os ângulos, o que facilitou a compreensão e aumentou o interesse da bolsista pelos detalhes executivos na construção.
MATERIAL |
MÉTODO |
Teses, livros,
relatórios, publicações periódicas e sites específicos para Arquitetura |
Revisão
bibliográfica, atualização de arquivos cedidos pelo IPUF e também como forma
de consulta e informações de novos cursos dispostos no mercado. |
Curso das Oficinas da
UFSC |
Realização de curso
preparatórios para utilização dos softwares Coreldraw, Photoshop e FrontPage |
Levantamentos |
Visita à residência
para levantamento fotográfico interno e externo para estudo paisagístico e do
edifício |
Plantas e desenhos |
Digitalização, escanerização
de mapas e imagens trabalhados em software de digitalização. |
Software AutoCAD e Autodesk
Architectural 2004 |
Vetorização de
plantas, cortes, fachadas, implantação, vegetação e maquete 3D em escalas
diversas. |
Câmera digital Sony Mavica 2000 |
Realização dos
levantamentos fotográficos |
Software Coreldraw e Photoshop |
Tratamento de
imagens. |
Micro-Computador
processador AMD 750MHz, placa –mãe – Mod.ATLOM, 128 Mb RAM DIMM, 512 Kb de
cachê, disco rígido de 10GB, Gabinete Torre – Mod. Nilko, Gravador de CD ROM
LG, Placa controladora “On Board”, Placa de Vídeo de 32MB, Monitor LG Micro-Computador proc. AMD
DURON 2400MHz BOX, HD 80 GB 7200 RPM, modem 56K V92 Lucent; CD-RW 52x32x52
LG; Drive 1.44MB; Gabinete Atx04 BAIAS 400W; Estabilizador 300 VA Enermax;
Monitor Impressora HP deskjet 3550; Impressora HP deskjet 840c; Scanner HP 5300
– resolução 1200 x 1200dpi, |
Equipamentos de
informática utilizados para o andamento da pesquisa de iniciação científica. |
4.
Resultados E DISCUSSÃO:
Residência Moderna x
Residência Cassol
O movimento chamado “Semana de Arte Moderna de
Nas primeiras residências modernistas realizadas, “podia-se constatar um despojamento voluntariamente agressivo, característico da obra de pioneiros que reagem contra os floreios acadêmicos. A influência do cubismo, porém, não se limitava à fisionomia externa, composta por prismas elementares; eram visíveis as pesquisas de continuidade espacial, de ligação entre o exterior e interior.” (BRUAND, 1981. pg.67)
Xavier (1991) identifica algumas características das residências no período moderno:
· Transparências;
· Organização da planta visando à criação de um espaço contínuo;
· Grandes aberturas;
· Ambientes de estar em comunicação direta com a vasta varanda sem criar uma separação visual;
· Concreto armado;
· Composição rigidamente horizontal;
· Brise-soleil;
· Busca da integração – Arquitetura + Artes Plásticas;
· Terraço-jardim.
O modernismo tem grande contribuição para a arquitetura
Depois das muitas tentativas e obras criticadas de Warchavchik, surge
Lúcio Costa, que se tornaria o grande mestre brasileiro. É sobre ele este
relato a respeito da ocupação em encostas:
“Lúcio Costa adotou para todas as construções (...), o piloti louvado
por Le Corbusier, por constituir a solução mais lógica para o terreno
acidentado: reduziam-se os trabalhos de preparação do terreno, o que compensava
o elevado custo local do concreto armado; o emprego deste revelou-se até mesmo
econômico, já que a criação de um piso artificial isolado da unidade do solo
natural permitiu retomar, especialmente para as residências, o processo
tradicional e econômico...”. (BRUAND, 1981. pg.75)
Para trabalhar com Lúcio Costa, surge o jovem Oscar Niemeyer, que se
revelou o ousado arquiteto das curvas da arquitetura moderna e amante da
estética monumental. Uma das residências mais fantásticas na linguagem moderna
que ainda conta com a poética de Niemeyer é sua antiga residência
Mas as integrações entre ambiente e construção não são obra somente dos
arquitetos modernistas. Os paisagistas, entre eles Burle Marx, contribuíram
muito para a composição de verdadeiras obras de arte no campo moderno. Tendo
obras em todo o Brasil, difundiu sua maneira de criar ambientes e despertar
sensações através dos volumes de cores criados pela seleção de suas plantas. Burle
Marx identificou e catalogou várias espécies de vegetação e também uma nova
maneira de difundir a integração entre os ambientes: o natural e o construído.
A residência
dos arquitetos Ademar e Carmem Cassol não segue o lirismo formal de Niemeyer,
nem as massas coloridas de Burle Marx. Essa adota uma planta geometricamente
concebida, semelhante às obras dos arquitetos paulistas, identificados como
brutalistas, pelo uso de materiais como o concreto aparente. Assim, a vegetação
não surge plena na composição do espaço. Os materiais empregados na residência
também se distanciam da vegetação, uma vez que se oferece um contraste notável
entre o verde e o concreto aparente.
A implantação da residência respeita a localidade onde está inserida. Construída em um terreno de grande declividade, ela é sustentada pelo volume central onde se localizam os pilares e aflora apenas nos pavimentos superiores. Pode-se dizer que a construção favorece a idéia de que quanto menos se altera o terreno, amenizam-se os riscos da implantação de uma construção em encosta.
Para intensificar a sensação de uma residência implantada em terreno inclinado, mesmo a casa estando suspensa, ela se ergue conforme a topografia. O bloco de entrada nos guia para dois lances de escada, um que dá acesso ao térreo e outro que nos eleva o suficiente para termos uma belíssima vista da Baía Norte e da Ponte Hercílio Luz. Continuando o percurso da residência, sobe-se novamente e assim alcançamos a porção privativa da casa, que assim como está situada na área mais elevada da construção, encontra-se na zona mais elevada da sua projeção no terreno.
Comprovam-se pelas características descritas por Xavier (1991) que a residência trata-se de uma obra modernista. Ela apresenta uma planta que integra visualmente os ambientes e com a transparência do vidro (grandes módulos de vidro temperado, utilizados como vedação na varanda e no bloco de entrada) consegue integrar também o exterior. Possui como cobertura do bloco térreo um terraço-jardim, característica essa bastante utilizada pelos modernistas como forma de otimizar a utilização do espaço, criando jardim sobre laje de cobertura.
4.1. Apresentação
da Residência de Estudo
·
Localização: Rua
14 de Julho, 932, Coqueiros, Florianópolis, SC – Brasil;
·
Projeto: anos 1950;
·
Arquitetos e
proprietários: Ademar e Carmem Cassol;
·
Área construída:
414,
·
Área terreno:
1.596m².
Localização esquemática da
residência
Fonte: (IPUF, 1979)
Plano Diretor da
Área
Fonte: (IPUF,
2004)
Fonte da
fotografia: Boletim IAB, 2002
Entorno / sítio
A residência estudada localiza-se em Coqueiros, bairro situado na porção continental de Florianópolis. A rua em questão é relativamente antiga, não sendo encontradas obras recentes durante as visitas ao terreno. As construções que ocupam os terrenos em declive ao longo da via, próximos ao mar, são escondidas pelos altos muros que barram a visão e devido à topografia acidentada que contribui para que as residências não ultrapassem a altura do muro. As construções que apresentam o primeiro piso no alinhamento da rua não ultrapassam o gabarito de três andares.
A vegetação foi mantida apenas por algumas residências à beira-mar ou aparecem em terrenos ainda não ocupados, sendo bem respeitada na residência estudada.
Rampa
Mar
Vistas: do portão da
residência, rua e de outras casas
Foto: Talita Abraham
Implantação esquemática do terreno realizada pela bolsista
Residência Ademar e Carmem
Cassol
A residência pode ser dividida, para melhor compreensão, em dois blocos. Um, térreo e de serviços e o outro, destinado à moradia. O bloco térreo abriga dependência de empregada, churrasqueira e acesso vertical do pátio superior. No mesmo nível, mas já integrando o bloco principal, encontram-se a lavanderia, o acesso vertical de serviço, a oficina, adega, sala de TV e biblioteca e acesso vertical principal.
O bloco principal no primeiro pavimento é separado por dois acessos:
· de serviço, que nos leva à dependência de empregada e à circulação vertical de serviço;
· o social, que conduz ao hall, circulação vertical principal, atual sala de música (localizada em um desnível de sete degraus abaixo) que acompanha a extensão realizada pelo deck.
O segundo pavimento é composto por cozinha, circulação vertical de serviço, sala de jantar, lavabo, sala de estar e sacada e seguindo a circulação vertical principal (superando um desnível de seis degraus) chega-se às suítes e à bancada do escritório com biblioteca.
Acesso de serviço
Dependência de empregada
Churrasqueira
Oficina
Adega
Sala de TV e biblioteca
Circulação de serviço
Lavanderia
Circulação principal
Planta térreo
Acesso de serviço
Acesso principal
Circulação de serviço
Dependência de empregada
Hall
Circulação principal
Sala de música
Deck
Planta
primeiro pavimento
Suítes
Circulação de serviço
Circulação principal
Mesa de escritório
Cozinha
Lavabo
Sala de estar
Sala de jantar
Sacada
Planta segundo pavimento
Acesso/ entrada
O acesso da rua parece privilegiar o automóvel, já que o portão de entrada nos guia a uma rampa em curva que chega até o espaço destinado à garagem. Esta não é fechada, ela se constitui apenas pela cobertura em balanço da porção oeste da construção. No mesmo espaço coberto se encontra a caixa de vidro que representa a entrada dos pedestres ao hall. Também neste nível tem-se a entrada de serviços que conduz à dependência de empregada e à torre de circulação.
Rampa
de entrada
Foto: Talita Abraham
A diferenciação de piso primeiramente se dá ao alcançar a garagem. Percorre toda a rampa com lajotas hexagonais e com a interrupção de uma grelha que cobre a calha, chega ao piso de concreto. Nos caminhos ao redor da residência, encontram-se placas de concreto espaçadas uma das outras e intercaladas pelo gramado.
Caixa de entrada de pedestres
Foto: Talita Abraham
Canaleta marcando diferença de pisos
Foto: Talita Abraham
Circulação
Horizontal
A
movimentação entre os espaços acontece de maneira confortável e bem
distribuída. No térreo integra o bloco com churrasqueira e a sala de TV. A
vegetação encontrada cria volumes interessantes e que conduzem a circulação
pelo pátio.
Acesso à sala de TV
Foto: Talita Abraham
No pavimento de entrada encontra-se a
circulação diferenciada entre o social e o acesso de serviços, o que significa
uma ordenação do fluxo. Há a possibilidade do contato com o ambiente externo
pela travessia da sala de música e deck ou pelo caminho da vegetação realizado
pelas lajotas de concreto intercaladas pelo gramado, esta rota destina-se
também ao deck.
Circulação do pátio Foto:Talita Abraham
Já no segundo pavimento, a circulação ocupa uma área densa integrando cozinha, sala e sacada e possui uma circulação linear no setor privado (suítes).
Este
tipo de conformação do espaço garante um amplo setor semi-publico. Ela agrupa a
sala de estar e a sacada sem bloqueios visuais e a cozinha com a sala de
jantar.
Integração
dos ambientes internos
Foto: Talita Abraham
Vertical
Em se tratando de um terreno acidentado, a movimentação vertical tem importância fundamental na residência. As opções seriam escadas, rampas ou elevadores, sendo escolhidas as escadas.
A circulação vertical principal dos moradores
é configurada por três módulos de escadas de concreto engastadas. Do piso
térreo ao primeiro pavimento possui formato convencional de concreto com
degraus de madeira; do hall (primeiro pavimento) ao segundo pavimento
constitui-se de uma escada engastada de concreto e que permite a permeabilidade
da visão por não conter espelhos; já no desnível que o segundo pavimento
possui, têm-se degraus convencionais cobertos por placas de madeira.
Escada engastada
Acesso ao térreo / rocha
como elemento de composição
Foto: Talita Abraham
Foto: Talita Abraham
A torre de circulação de serviço possui uma belíssima composição de degraus de concreto engastados circularmente nas paredes deixando o eixo central livre. Apesar da sua pequena dimensão, ela atende às necessidades preestabelecidas de mobilidade entre pátio de serviços, lavanderia, dependência de empregada e cozinha.
A escada que não faz parte do bloco principal da construção está disposta junto ao bloco térreo, no extremo sul do terreno. É ela que conecta o terraço-jardim ao pátio de serviços, sendo pouco utilizada.
Degraus engastados
Foto: Talita Abraham
Acesso de serviço
Plantas de circulação Circulação de serviço
Circulação principal
Circulação horizontal
Volume /
superfícies definidoras do espaço
A residência peculiar mantém-se sobre pilotis centrais, o que resulta em um volume vertical retangular. Para que a ocupação se desse de maneira horizontal, foram projetados balanços que ultrapassam ambos os lados do apoio. Outro volume vertical é a torre de circulação que se ergue lateralmente sendo utilizada também para armazenamento do gás e da caixa d’água.
Próximo à torre encontram-se brises vazados que permitem a entrada de luz para a circulação e cozinha. Estes modificam a textura das vedações em relação ao restante da construção.
Torre de circulação/brises
Foto: Talita Abraham
Na fachada oeste, onde estão localizados os dormitórios e os banheiros individuais (suítes), criaram-se volumes retangulares definindo a projeção do banheiro e proporcionando uma ruptura dos painéis lineares de vidro.
Elementos encontrados tanto na fachada leste quanto oeste foram os condutores de água pluvial, os quais são sustentadas por peças de concreto e dispostos no eixo central da construção.
Volumes dos banheiros
Foto: Talita Abraham
Um texto que exprime a linguagem das
residências modernistas e que se enquadra na estudada seria: “Em todas elas,
encontrava-se a mesma simplicidade racional da planta e da elevação – baseada
na utilização quase exclusiva da linha reta, às vezes atenuada por uma ligeira
curva dos elementos secundários -, o mesmo jogo de volumes cúbicos e
prismáticos, a mesma superposição de terraços que asseguravam ao conjunto o
essencial de seu caráter, a mesma nudez absoluta das paredes...” (BRUAND, 1981.
pg 70).
Condutores de água pluvial
Foto: Talita Abraham
Com a compra de mais uma faixa de terreno, houve a ampliação da construção. O bloco térreo foi projetado para atender às novas necessidades dos moradores, mas não desvaloriza a construção principal já que foi criado como terraço-jardim.
Volume retangular
Torre de circulação
Blocos vazados
Volume dos banheiros
vidro
Condutores pluviais
Fachada Norte
Fachada Oeste
Estrutura / técnica construtiva
A marcante
característica dessa residência é o domínio do uso do concreto armado. As marcas
deixadas pelas formas permanecem visíveis no teto e vigas, sendo apenas algumas
paredes cobertas com chapisco fino. Alguns móveis também foram projetados em
concreto, o que enfatiza a linguagem moderna da construção.
Formato da viga
Foto: Talita Abraham
A estrutura da residência é a própria obra de arte. Ela se encontra aparente nos formatos de intensidades dos esforços a serem suportados, como é o exemplo das vigas e degraus.
Outro texto exprime o quanto o concreto armado foi usado no modernismo e suas atividades: “A escolha do concreto armado explicável pelas condições econômicas, também correspondeu a um desejo manifesto de liberdade: adoção sistemática do principio dos pilares em recuo nos grandes edifícios a fim de liberar a fachada de toda servidão estrutural, exploração da flexibilidade do material para criar novas formas.” (BRUAND, 1981.pg 376)
Ao invés do uso de pilotis na encosta, utilizaram pilares centrais que sustentam toda a estrutura horizontal em balanço que permite a mobilidade no térreo. Outra característica moderna que a estrutura permitiu foram os panos de vidro delimitando a casa, o que integra o ambiente interno com a bela vista da Beira-Mar Norte e da ponte Hercílio Luz.
Integração
de ambientes internos
Foto:
Talita Abraham
Hierarquias / zoneamento funcional
Devido ao grande isolamento marcado pelo fechamento do terreno, diz-se que não há área publica nesta edificação, exceto quando vista do mar. A porção semi-pública é caracterizada pela churrasqueira, sala de TV (térreo); hall, sala de música e deck (primeiro pavimento); sala de estar, jantar, cozinha e sacada (segundo pavimento). Nestas áreas há o maior contato de pessoas convidadas e reuniões em horas de lazer.
Vista do dormitório Churrasqueira
Foto: Talita Abraham Foto: Talita Abraham
A área privada se resume aos dormitórios dispostos da forma linear no segundo pavimento e às dependências de empregada. Nestes ambientes o fluxo se restringe apenas aos moradores e pessoas íntimas.
As zonas privilegiadas são as da fachada leste, pois permitem uma esplêndida vista das Baías e da Ponte Hercílio Luz devido ao uso dos painéis de vidro como vedação.
Planta térreo/primeiro/segundo pavimentos / Zoneamento Setor Privado
Setor semi-público
Definição dos espaços
A impressão que se tem ao adentrar a residência, chegando ao segundo pavimento é que toda ela é visível a seus olhos. Da sala se vê todas as portas dos dormitórios, da cozinha, da sacada e o local de trabalho. A integração dos ambientes proporciona sensação de controle, e amplitude.
Subindo o primeiro lance de escadas logo que se entra na residência, encontra-se o lavabo. Ele junto com a despensa, geladeira e um armário fazem a divisão do espaço da cozinha e da sala de jantar, formando então, uma ilha de movimentação circular.
Mesa do escritório e biblioteca
Junção da cozinha e sala de
jantar
Foto: Talita Abraham
Foto: Talita Abraham
Outra divisão é a realidade pelo segundo lance de escadas, em meio nível, estas guiando para o ambiente privado: os dormitórios. Os poucos degraus, a vegetação localizada em um pequeno jardim interno e a mesa do escritório são os bloqueadores visuais encontrados. A disposição das cadeiras e sofás da sala também enfatiza e busca o exterior, deixando os quartos com um pouco mais de privacidade.
Lay-out da sala
Foto: Talita Abraham
Condicionantes ambientais
Sendo a orientação da sala para o leste, aproveita-se a vista e ainda recebe-se o sol da manhã em toda a extensão da fachada voltada para o mar. Os quartos dispostos na fachada oeste necessitam de proteção solar, já que o sol da tarde nos meses mais quentes pode acarretar desconforto. Os brises foram dispostos cumprindo o bloqueio solar e para que a luz conseguisse penetrar no ambiente, projetou-se um deslocamento da cobertura (shed), o que permitiu a entrada de luz do leste.
Leste Oeste
Incidência solar
Corte esquemático
Na porção central da edificação localizam-se dois focos de luz zenital. Um ilumina com qualidade o lavabo e os outros dois pontos estão dispostos acima da vegetação do jardim interno. Estes pontos suprem parte da necessidade diária de luz garantindo uma grande economia de luz elétrica e obtendo qualidade de iluminação.
Iluminação no lavabo
Luz zenital sobre vegetação
Foto: Talita Abraham
Foto: Talita Abraham
Próximo à torre de circulação de serviço,
existe outro elemento de penetração solar: os blocos vazados. “A criação mais
notável neste campo foi o emprego – de maneira absolutamente nova – de blocos
vazados de concreto chamados “cobogós” (primeira sílaba do nome dos três
inventores). Eram eles então empilhados uns sobre os outros, para a construção
de paredes cheias, sólidas e baratas. Luís Nunes e seus colegas tiveram a idéia
de utiliza-los no estado bruto, como brise-soleil
elementares, constituindo uma espécie de anteparos transparentes, assegurando
assim uma boa ventilação e, em certos casos, uma proteção adequada contra os
elementos naturais.” (BRUAND,1981.pg79)
No caso da residência Cassol, a
ventilação ficou restrita apenas às aberturas por causa do vento forte que
provém do sul na Ilha de Santa Catarina. Os blocos utilizados se tornariam
canalizadores diretos do vento, o que não proporcionaria conforto térmico.
Blocos vazados do nível da cozinha
Foto: Talita Abraham
Simetria/ assimetria/ equilíbrio
A forma principal da residência se resume a um quadrado. Ao longo do projeto e até mesmo durante e após a execução deste, a forma inicial sofreu uma série de intervenções, como por exemplo, o acréscimo dos banheiros criando volumes que se lançam da edificação, o volume vertical da escada e o bloco térreo. O equilíbrio se dá devido à disposição dos pilares na porção central da edificação e aos brises protegendo tanto a fachada leste quanto oeste. Para a composição formal, encontra-se a torre da circulação de serviço.
Volume criado pelos
banheiros
Foto: Talita Abraham
4.1.1. Maquete Eletrônica da Residência
Para a maquete eletrônica da residência utilizamos o software Autodesk Architectural 2004. Com ele é possível criar os elementos que compõem uma construção e visualizar o volume criado de todos os ângulos.
Inicia-se com a criação dos componentes da construção, com os pavimentos e suas lajes. Enquanto elevam-se paredes, como o recurso “view”, pode-se incorporar todos os elementos à maquete e acompanhar o crescimento do trabalho.
Foto 1 – Primeiras etapas da execução da maquete
Foto 2 – Desenvolvimento da maquete
O resultado final apresentado a seguir é a representação virtual dos elementos da construção estudada. Com ele pode-se compreender melhor os desníveis criados na residência assim como a forma de acessos aos seus níveis.
A possibilidade de realização de uma maquete virtual requer tempo e treinamento. Uma maquete, com a utilização de todos os recursos disponíveis nos softwares especializados, consegue criar efeitos idênticos aos naturais, como jogos de luz, texturas e massa vegetal. Como o intuito do estudo não é a representação de todos os detalhes e agentes físicos atuantes, e sim, a compreensão das técnicas construtivas e da ocupação dos desníveis criados, considera-se de extrema importância a representação realizada da construção em estudo.
O diferencial
deste estudo é a atenção ao terreno no qual a residência está inserida.
Compreende-se que não é possível projetar uma obra em encosta sem estudar o
terreno e as características que implicam em um terreno acidentado, como por
exemplo, cursos d’água, cortes e aterros. A representação topográfica é
essencial e deve se fazer presente em todos os estudos de projetos implantados
Foto 3 – Maquete realizada no programa Autodesk Architectural 2004
Foto 4 – Estudo do terreno
realizado no programa ArcView
5. CONCLUSÃO:
Iniciamos
a pesquisa realizando a revisão bibliográfica sobre ocupação de encostas e
Arquitetura Moderna no Brasil. Com a escolha de um exemplar de residência
moderna em Florianópolis (residência Cassol), entramos em contato com os
arquitetos responsáveis pela obra. Com a colaboração dos arquitetos, e também
proprietários da obra, conseguimos o projeto arquitetônico da residência,
material este vetorizado para posteriores análises. Realizamos, com o auxílio
da arquiteta Alana Scheller e graduanda Michele Ropelato, os levantamentos
fotográficos externos e internos (fotografias dispostas ao longo dos resultados
de análise) para estudo morfológico e detalhamento da análise do projeto.
Pela
falta de ajuda de especialistas ainda não foi possível a realização do
levantamento topográfico do terreno. Conseguimos obter um antigo levantamento
topográfico considerado superficial, o que demandaria um levantamento completo
e recente. Foi realizado um pedido de bolsa de apoio técnico ao CNPq, para a
contratação de um especialista em topografia, mas a resposta não chegou a tempo
da conclusão deste relatório. Os softwares utilizados foram emprestados do
Laboratório do Prof. Carlos Loch e do curso de Autodesk Architectural
ministrado na SoftCAD pelo professor Maurício Freitas, pois o projeto
apresentado ao Edital para as Ciências Sociais Aplicadas do CNPq não obteve
aprovação, apesar do mérito. Pretendemos dar entrada novamente na solicitação
para a compra dos softwares no Edital Universal 2004.
Com
o contato com a residência moderna dos arquitetos Carmem e Ademar Cassol nasceu
a necessidade de aprofundar nossos conhecimentos sobre as obras consagradas do
movimento moderno e verificou-se a existência de muitas obras pertencentes a
arquitetos renomados que trabalharam tanto
Os
conceitos que unificam a linguagem moderna com a ocupação de encosta são bem
melhor quantificados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, resta verificar
se as suas características são semelhantes ao exemplo estudado de Santa
Catarina. Como proposta de continuidade deste estudo, seria de grande interesse
o estudo e visita destas obras. O aprofundamento da análise destes ícones da
arquitetura faz-se necessário bem como o estudo de outros aspectos ainda pouco
explorados desta análise, tais como a vegetação utilizada no projeto de
Paisagismo e o Conforto Ambiental destas residências. Portanto, sugerimos que
assim como foi realizado o estudo da residência Cassol, sejam estudados e
confeccionadas maquetes de outros exemplos significativos, para simular e
analisar os aspectos paisagísticos e ambientais da Arquitetura Moderna
Brasileira.
6. Referências bibliográficas:
ACAYABA, M.M.
– Residências
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